segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Quem não vive o que gosta, inventa.


Você já conheceu uma pessoa e depois descobriu que tudo o que ela havia dito sobre a vida dela era mentira?
É, acho que isso é mais comum do que pensamos.
E quando ela inventa sobre nossa pessoa? O que fazemos?
Respiramos e controlamos a enorme vontade que temos de arrancar com pinça cada pelo do corpo deste mentiroso.
Agora eu fico concluindo, quão chata deve ser a vida de uma pessoa desta pra que ela invente sobre coisas que ela nunca viveu... e pior, com você como personagem principal.
Quantos homens na minha vida já disseram que eu fiz coisas que eu nem cheguei perto de ter feito.
Quantas meninas já relataram que eu fiz isso ou aquilo pra ganhar qualquer coisa.
Hoje mesmo acabei de saber que um " querido " andou comentando por aí que eu tô dando em cima dele pelo emi essi eni. ¬¬
Pôxa, ele me conhece pouco mesmo.
Eu daria em cima pessoalmente, face to face. Como faz gente grande.
E se eu tivesse também, porque ele teria que estar falando? ( mas o tema fofoca fica para um outro post).
Conheci umas pessoas na vida que eu me questionei depois de um tempo se elas faziam mesmo faculdade, se elas tinham ficado com a pessoa disseram, coisas simples e coisas sérias que eu já não tinha um pingo de certeza.
Penso que gente deste tipo deve ter muito medo da rejeição, porque é mais fácil dizer " eu tb fiz " do que ser diferente e dizer o que é.
Precisa se ter coragem para assumir o nosso eu pro julgamento alheio.
Mas mesmo que tais pessoas não tenham esta coragem, ainda sim resta como opção o silêncio.
Inventar deve ser mesmo um vício, algo que nos faz fugir da realidade e dar um pouco mais de vivacidade para os nossos sonhos. Nos transporta para o mundo que queremos viver. Nos dá a oportunidade de ser quem imaginamos ser. Será que é simples assim: quem não vive o que gosta, inventa outra vida, vamos então apresentar o second life para este tipo de pessoa.
Mas mesmo que eu tenha até encontrado este tom lírico para justificar as invenções alheias, - pobrezinhos não vivem o que queriam viver, eu ainda não consegui parar de olhar para a minha pinça.


Eu, Aline Postigo

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Feliz Aniversário!


Você já esperou o ano todo pra falar com uma pessoa? Na verdade, você sente vontade de falar com ela sempre, mas não tem esta chance, porque a pessoa não quer te dar esta oportunidade. Porque ela diz que puxar papo com você é "perder a chance de ficar quieto". Você até poderia dar aquela desculpa que todos dão "tive um pesadelo contigo esta noite, tá tudo bem?". Mas esta já é mto furada. Tava bom até de inventarem outra já pra podermos usar em casos como o meu.
Ah, mas ainda sobra uma ocasião: quando se tem uma data importante na vida da pessoa.
Ah, mas não vale estas comemorativas, tipo Natal, nem Carnaval, nem Páscoa.Esses aí um scrap resolve.
Pra telefonar e ouvir a voz da pessoa dando a entender que ela ainda é especial, sem parecer que você é louca por ela, só se for pra dizer " Meu pêsames" ou, como no meu caso "Feliz Aniversário!"
Deve ser mta saudade mesmo aquilo que eu sinto né? Pra esperar o ano inteiro só pra felicitar alguém e receber entre algumas palavras "obrigado".
Eh, conclusão: Educado meu aniversariante da ligação. Eduacado
Então, "De nada".
Bem, ano que vem tem mais...

ps: Feliz Aniversário A.Y.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

ELA




De repente, você olha pra trás e ele está com ela. É, seus olhos não lhe pregaram uma peça, ele está com ela.
Eu entendi bem? Você continua gostando dele e ele está com ela. Não faz muito tempo e ele estava com você e olha até que ele parecia estar bem contente ao seu lado, mas agora, onde ele está?
Ah, ele está com ela.
Mas mais pior do que ele estar com ela é você também estar ali, compartilhando do mesmo oxigênio do recinto que eles, sentindo esta pisada da realidade que não deixa nem este oxigênio chegar a sua razão.
Na hora, você nem tem ação, entra em piloto automático. E sente um jeito Maysa de ser "meu mundo caiu". Mas é só quando o choque dá lugar a consciência que você tem a real e exata medida da noção da verdade: ele não está com você porque ele prefere estar com ela.
E ele tem o direito de preferi-la. Você não é melhor, nem pior que ela. Ele só não prefere mais você, oras.
Mas afinal quem é ela? Como eles se conheceram? O que ela vestia mesmo? Por que ela?

Bobagem, largue suas interrogações.
Ele está com ela.

Últimas gotas

Sentada em cima dele, ela começou a falar. Agradecia os dias de felicidade vividos naquele último mês, talvez um dos mais motivadores de sua vida. Ele a ouvia, entendia que, ali, despida, ela se despedia.

Não demorou muito e logo as lágrimas misturaram-se ao suor do desejo vivido há poucos minutos. Uma montanha russa de emoções. Quão doloroso era ter que fazer o certo se era o errado que os fazia felizes. E que dor era aquela que só perdia para a vontade de urinar que acomete os que bebem chopp.

Desabafaram. Ela bem mais. Contou o que pensou durante aquele mês de outubro, assumiu as tentativas de não se apegar e de afastá-lo. Ele ora ria, ora a ouvia. Ele sempre gostou de ouvir mesmo o que ela falava, um misto de identificação e admiração. Um misto recíproco.

Não haviam programado a separação, aquela hora os encontrou. Igualmente como a hora de se unirem os havia achado no mês anterior. Já haviam tentado se separar programadamente, não conseguiram. Não quiseram. Prolongaram a permanência juntos como quem bebe um copo de água até a última gota. E eles tinham muita sede.

Ela declarou-se. Assumiu tudo que veio a sentir, das maiores alegrias a qualquer decepção boba. Nunca havia se sentido a outra. E mesmo que a vontade dela fosse vê-lo amanhã dizendo o quanto ainda a queria, suas palavras pediam distância. Seu coração gritava com todas as forças o contrário do que dizia sua boca, mas as mordaças da razão imperavam sobre o discurso.

Ele derramava lágrimas silenciosas. Havia adotado o silêncio como postura para aquela noite, pensou ser o melhor, acreditava que era o que menos a machucaria, parte do zelo excessivo que teve durante toda a relação. Ainda disse um "também gosto de você" meio sufocado, meio engasgado, com o olhar desviado. E seu abraço a apertava com a força daqueles abraços que conhecem o último dia. E as lágrimas ainda rolavam...

Relaxaram, chegaram quase transar novamente, mas não estavam tão relaxados a ponto. Fizeram as últimas coisas que haviam programado, fizeram xixi na rua antes. Leram Rubem Braga. Riram, falaram de romances passados. Cantaram Titãs. Ela lhe mostrou a lua e dentre tantas coisas que fizeram por terem assumido sempre a postura do "agora?" perceberam que ainda tinham tanto a fazer, que tudo foi pouco e que a ampulheta não poderia mais virar a favor daquele sentimento.

Era difícil para ela levantar e entrar em casa, mesmo que fosse só uns passos, a distância era muito grande. A madrugada havia se extendido e o amanhã surgiria com o trabalho consumindo-os logo nos primeiros raios de sol. Eram as últimas gotas de água de um copo insuficiente para matar a sede. Bebeu-as. Fingiu aborrecer-se por qualquer coisa. Beijo-o. Disse Adeus.

Saiu do carro procurando se não havia esquecido nada. Já não o olhou mais. Ainda teria que vê-lo amanhã como se nada tivesse acontecido, acasos da rotina de trabalho. Abriu o portão de sua casa e, diferentemente das últimas vezes, não olhou pra trás, como quem quisesse mostrar segurança na decisão de deixá-lo. Talvez segurança mais para si mesma e do que para ele.

Chegou em casa e se viu ao espelho. Orgulhou-se, chorou, sofreu. Desejou felicidade ao casamento dele, desejou felicidade a si mesma. Chorou novamente. Enxugou as lágrimas e pensou no amanhã que viria a poucas horas. Olhou-se novamente. Concluiu:

- Preciso emagrecer.

Aline Postigo

A vida continua


A vida continua?
Que coisa mais brega de se ouvir quando se está ali, beirando o precípio entre o drama e a dor. Mas não é quantas vezes você ouve dos seus amigos e pessoas ao redor que " a vida continua " que te faz reerguer, mas sim o quanto você acredita que ela vai continuar.
Porque cada momentinho de dor é tão único que parece eterno? Que faca é esta que nos enfiam no peito a cada decepção?
A decepção, frustração de uma expectativa. Então não crie expectativas? Que bobagem! Todo mundo sempre cria expectativas...que bom porque é justamente isto que faz a gente continuar a vida, porque se não criarmos esta espécie de planejamento cheio de prováveis prognósticos chamado expectativa nada iria pra frente, nada teria continuidade.
Outra boa solução de todo mundo " não se apega ". Ok, então transplanta uma pedra em vez de um coração. Se apegue sim, ame, sorria, vista a alegria instântanea da paixão, porque momento felizes, apesar de sua efemeridade vão marcar sua vida.
E quando a decepção bater a sua porta, quando a instantaneidade da paixão der lugar à realidade, nua, crua, cruel. Caia.
Caia pq só cai quem conhece o alto, só desce quem viu a mais bela paisagem do cume da montanha. Então vá ao fundo do poço. Sofra.
Só sabe sofrer quem é forte, porque o sofrimento é dor suficiente pra que todos tenham medo dele.
Mas como uma receita da melhor culinária, sofra a medida certa para o aprendizado, ou poderá estragar o prato.
Chore, se for preciso mate-se um pouco.
Daí, ressuscite. Suba. Levante. E ande por outro caminho, porque você já tem para trilhar a menos um caminho errado.
E então... siga em frente. Na velocidade que seus passos lhe permitem. Para cada tropeço, dê dois passos adiante. Como uma reticência, continue...
Afinal você ainda está vivo e a vida, ah, a vida continua.


Aline Postigo