segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Meu saco cheio

Hoje foi um dia daqueles que fiquei de saco cheio.
E aqui em Manaus se tem uma ajudinha para o saco encher mais rápido: o calor.
Me aborreci cedo quando descobri que gastei demais em meus cartões de crédito e vou até pagá-los, mas vou ficar sem dinheiro no mês.
E aí fiquei mais puta ainda quando não consegui controlar a minha enorme vontade de tomar refrigerante. Não preciso de mais refrigerante, minhas coxas já possuem a sua marca nas diversas celulites existentes.
Falando em coxas, meus quadris estão cada vez mais largos e isso é um indício de que estou engordando, pois sou anormal e não engordo por inteira, viro um monstro da cintura pra baixo.
Não, isso não é uma vertente do meu complexo de inferioridade. Durante o final de semana isso ficou provado quando tentei comprar uma calça jeans e nenhuma dava em mim porque não passavam justamente - e põe justo nisso - nos quadris.
Observem que a última situação evidencia dois motivos para eu ficar ainda mais aborrecida comigo mesma: primeiro, engordei; segundo, se meu cartão de crédito está passando do meu orçamento por que eu estava querendo comprar uma nova calça jeans?
E todos estes são motivos muito bons para eu ter passado o dia de saco cheio hoje.
Ah, sim, vale acrescentar que o transporte público precário desta cidade do qual eu dependo também colabora bastante, mas a sua colaboração é tão participativa que reclamarei dele em um post exclusivo.
Ah, mas teve uma coisa boa no meio de tudo isso.
Hoje, na loja, juntando uns trocados de cada um, fizemos uma festinha surpresa pra um colega da limpeza. Tinha pão com patê, pizza, parabéns e bolo com b.
E o aniversariante ficou tão feliz ao ver o cenário, que, depois do discurso voluntário que o obrigamos a fazer ele foi às lágrimas.
" Obrigado, é só o que eu posso dizer. Nunca fizeram isso pra mim. Só quero agradecer a vocês. Muito obrigado". E chorou.
Então, depois disso eu só posso mesmo me envergonhar de ficar de saco cheio por motivos tão estupidamente superficiais como os de cima - menos o transporte público.
E posso agora me aborrecer comigo mesma novamente, mas por um motivo decente. Por considerar que o universo gira em torno das minhas celulites e ser ingrata com o saco que a vida me deu.
Porque realmente o saco da minha vida está cheio: cheio de saúde, família, amigos, um emprego e dinheiro o suficiente - ainda- pra pagar meus cartões e meus refrigerantes.
Em retratação, eu termino este texto agradecendo ao meu saco e que ele continue cheio por muito tempo.
Obrigada!


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Tão jovens...tão bonitos...tão... vazios.

- Texto redigido para o portal de notícias D24 >> http://blogs.d24am.com/alinepostigo

É impressão minha ou a maioria dos adolescentes de hoje não estão mais conseguindo reunir o tico e teco para trabalharem em prol de uma causa menos fútil?

Em uma conversa recente com uma jovem de 16 anos, linda por sinal, tive a ligeira impressão que a maioria dos colegas que ela convive estão no mesmo nível de conteúdo que ela está, ou seja, nível nenhum.

Sim, fútil todo mundo é um pouco. Eu sou, você é e que chato se todo mundo ficasse só comentando sobre política e os livros da Clarice Lispector por aí. Mas existe um nível de futilidade a ser praticado, principalmente para mulheres bonitas, que já são discriminadas logo de cara. Aliás, mulher bonita tem sempre que provar que é inteligente… claro, se ela for mesmo.

E aí eles sabem com detalhes o último clip da lady Gaga e a nova boate. Mas dificilmente sabem, nem por alto, sobre as notícias em evidência. As meninas se preocupam com quão liso estão seus cabelos e em que nível de anorexia estão nesta semana, os meninos com os aros dos carros e os centímetros do braço e as garrafas de “Red”.

São estes mesmos jovens de 16 anos que já possuem a responsabilidade de escolher alguém para votar. E tudo bem se eles fizerem péssimas escolhas, porque tem muito adulto fazendo também. Mas fica extremamente complicado exercer esse direito de cidadão (até o de escolher mal) se eles não têm a mínima noção de quais candidatos concorrem à Presidência. Por favor, ao menos pra Presidência, já que é número menor de candidatos que o de Deputados.

Isso é tão triste. Eles são tão jovens, tão bonitos… tão… vazios. E não que eu fosse a grande menina madura aos 16 anos, mas me recuso a acreditar que eu era assim. Não, nem eu, nem os meus. Nós, ao menos, assistíamos a algum jornal da TV, nem que fosse ao que antecedia à novela. Nosso nível de alienação nunca foi tão grande quanto aos que vejo pelos lugares que frequento.

É realmente lamentável. A alienação é uma grande prisão. É um analfabetismo mental. Você não consegue perceber, nem interpretar a realidade a sua volta, assim como um analfabeto não consegue entender as letras.

E assim como é um preconceito considerar que as mulheres bonitas são burras, também seria injusto dizer que só os jovens com situação monetária acima da média são alienados. A alienação não tem nada a ver com classe social, ela não é privilégio dos que tem mais dinheiro.

Também não é desculpa não conseguir entender determinada realidade só porque você não a viveu, se fosse por isso teríamos todos que passar fome para conseguir perceber a miséria que existe no mundo.

E não é culpa do capitalismo, do culto à beleza, da moda, do consumismo, da internet, dos professores, da internet, das propagandas, não, não é culpa de nada disso. A informação está aí, muito mais acessível que antes, escolher dar uma olhada no que acontece fora do nosso orkut é só uma questão de escolha.

O que me preocupa mesmo é que com um ano a mais, em média 17 anos, esses mesmos jovens vazios estarão assinalando em formulários de vestibulares o que terão que fazer pelo resto de suas vidas. E 1 ano é muito pouco para esse avanço de maturidade. Só tenho medo pelo choque que terão ao descobrir que nas opções de graduação não há nenhuma caixinha de seleção para marcar Big Brother Brasil.

O exercício da simpatia

- Texto redigido para o portal de notícias D24 >> http://blogs.d24am.com/alinepostigo

Desde o início do ano eu comecei a trabalhar com atendimento ao cliente, portanto, pra fazer diferente da maioria dos serviços prestados em Manaus tive que aprender a arte de ser mais que educada, a arte de ser simpática.

Acreditem, para mim isso era realmente um grande exercício. Não que eu fosse mal educada, mas fazer questão de ser a miss simpatia não era um dos meus focos de vida. Eu até gostava mesmo do posto de antipática ou metida que as pessoas me davam antes de me conhecerem. Quão tola eu era…

Mas atender clientes realmente tem mudado a minha vida. E quando você começa a considerar que todas as pessoas que você possui alguma influência também são, indiretamente, seus clientes, o exercício de ser simpática passa a ser dobrado.

Quantas vezes falamos mal daqueles que passam pela gente e nem dão bom dia. E quantas vezes somos iguais a eles? Quantos “tudo bem? ” dizemos sem estarmos nenhum pouco interessados em saber. Ah, e se você estiver mantendo o contato pela primeira vez então, esperar um segundo encontro pra ser simpático é um grande risco, pode ser que a pessoa não lhe dê esta outra oportunidade.

E mesmo que você acorde com muito mau-humor na segunda-feira, como de costume, faz toda a diferença dar um ” bom dia ” com educação e um ” Bom Dia” com um sorriso acrescido de um ” como foi seu final de semana? “. E de segundas em segundas a simpatia que, inicialmente, era um exercício diário acaba entrando no sangue e passando a ser natural.

De repente, o que era só educação, que por exercício virou simpatia, sem que menos se perceba acaba se tornando carinho. E o ” como foi seu final de semana? ” já não é mais mero cortejo político , mas sim uma pergunta que realmente lhe interessa, porque agora você se importa com as pessoas que estão ao seu lado.

E se já não bastasse o grande benefício de ter se tornado uma pessoa menos egoísta e que movimenta mais os músculos do rosto para sorrir, reciprocamente ganha-se o carinho das pessoas que te contaram como foram os finais de semana delas e também se importam como foi o seu.

A simpatia conquista as pessoas. E não há nada mais precioso do que ter pessoas que nos querem bem. Esta é a nossa verdadeira rede social. Porque estas pessoas nos abrem portas e proclamam o nosso nome com alegria. É muito triste ser uma pessoa antipatizada.

Não estou aqui incentivando ninguém a ser falso. Até porque a simpatia forçada ou interesseira não conquista ninguém. Mas é válido lembrar que não importa o quão inteligente, eficiente, competente você seja. Se você não conquistar as pessoas haverá sempre uma lacuna a ser preenchida na sua vida. Existirá o “mas”.

Podemos escolher sempre sermos só educados, e tudo bem que já estaríamos em destaque, mas, convenhamos, mesmo que muita gente se esqueça, educação é obrigação de todos nós. Podemos fazer ainda melhor neste mundo de iguais, podemos exercitar a simpatia que há entre nós e conquistas as pessoas. Afinal, miss simpatia também ganha faixa…

sábado, 7 de agosto de 2010

Eu vou me matar

Eu vou me matar. Nada melhor do que o dia do meu nascimento para fazer isso (8/8), aliás. Calma, antes que vocês pensem que eu sou tão exibicionista que resolvi publicar minha carta de suicídio na rede mundial de computadores, esclareço, matarei apenas aquilo que não serve mais pra mim.

Desde o fim do ano passado muitas mudanças aconteceram, novos pensamentos, novas atitudes, novo emprego, novo comportamento. Isso é realmente um ponto muito positivo, mas ainda resta um lixo neste novo cenário. É necessário matar aquilo que não me leva pra frente.

A chegada dos meus 24 anos é uma boa oportunidade de começar a colocar em prática esses homicídios. Digo colocar em prática porque não significa que só porque eu decidi que vou matá-las, que elas irão morrer. Talvez a morte seja lenta, dia após dia. Ninguém muda do dia pra noite. Desconfie de quem fez isso porque a mudança é um processo demorado e geralmente dolorido.

Mato tudo aquilo que de alguma forma me mata um pouco. As paixões não correspondidas, os complexos de obesidade e feiúra, os dramas, as tolices, os egoísmos e as coisas terrestres que me afastam das coisas do Alto. Mato-as e torço para que elas morram e não ressuscitem.

Me mato, torcendo para que assim eu viva mais, eu viva plena. Eu aprenda. Me mato hoje, para que, novamente, eu possa nascer em mais um ano completado.

Feliz Aniversário, Aline.