quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Longe de casa há mais de uma semana...

Longe de casa há mais de uma semana e eu começo a ter conclusões sobre essa minha estadia na Princesinha do Solimões. Estadia essa que posso muito bem chamar de moradia, uma vez que não faço a mínima ideia de quando voltarei a morar em Manaus.

A primeira semana não foi fácil. E não digo por mim, não pela saudade que senti de casa, não por ter que acordar mais cedo e chegar muito mais tarde do que a rotina normal em Manaus, não por estar trabalhando o triplo, não por ter que passar minha roupa, não por não ter TV a cabo, não pela internet daqui ser péssima, não. Mas por todas as manhãs ouvir a voz triste da minha avó ao telefone.

Nada foi tão difícil quanto sentir que eu era responsável pelo sofrimento dela. E, desta tristeza que me partia, vieram as dúvidas. Será mesmo que valia a pena estar longe assim? Será que eu sou tão egoísta a ponto de fazer minha avó sofrer com as minhas decisões? E aí tudo que já estava difícil ficou bastante pior. Como na música que dá título a este texto "Não sei por que que eu fui dizer bye bye".

Contei cada dia que passou e todo amanhecer eu dizia "menos 1". E quando o sábado chegou, eu acordei feliz. Era dia de ir para casa. Então, no abraço choroso da minha avó, avô,tia, priminha eu pude descobrir que poucas coisas na vida são tão boas quanto voltar pro lugar onde as pessoas aguardam sua chegada.

Este final de semana foi bastante importante para todo mundo que rodeia a minha vida. De alguma forma a sensação psicológica de distância e tempo foi bem maior que 2 horas de trajeto e 1 semana.

Dormir em casa, almoçar em casa, ir ao shopping com a minha avó, sair com meus amigos, brincar com a minha priminha, rever minhas pessoas ocasionou um ganha- ganha na minha vida. Do meu lado, eu pude recarregar as minhas energias ao lado deles, porque não há energia melhor do o sentimento de quem te quer bem. Mais importante que isso, fez com que minha avó percebesse que eu não estou tão longe assim e como eu disse pra ela " não fica triste, sempre vamos estar juntas". Aliás, ela percebeu tão rápido que até queria que eu trouxesse minha roupa da semana pra ela lavar... coisas da Super D. Angione.

A semana que estamos e que começou no feriado (15) - aliás feriado pra quem? Eu estava trabalhando - iniciou com outro sentimento. Bem diferente daquela agonia de contar os dias, ela chegou com a expectativa e ansiedade para que tudo dê certo. Um sentimento feliz, vontade de fazer as coisas progredirem. Afinal, não há motivação maior na minha vida do que ouvir a benção da minha avó com a voz de quem está bem.

E seja o que Deus quiser. Uma semana de cada vez.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Adeus, Aline.

Cheguei a fase do choro. Ainda preciso arrumar minhas malas, mas o choro mesmo já começou.
Vou abandonar a maior zona de conforto da minha vida: a minha casa. Nunca morei em outro lugar, nunca me mudei, nunca passei mais de 15 dias longe daqui.

Quando eu era pequena e ficava de férias da escola tinha que passar alguns dias na casa do meu pai, dias a mais que um final de semana, afinal estava de férias. Sempre me programei pra passar 15 dias, era o máximo que eu conseguia suportar longe da minha avó.

Agora, chorando, lembro muito daquela Aline da infância. É uma dor bastante parecida. Mas agora, ao contrário da minha infância, ela não é uma consequência da escolha alheia - a separação dos meus pais - ela é fruto da minha própria escolha.

Essa escolha é um pouco maior que simplesmente sair de casa. É uma decisão, dentre muitas, pela maturidade. E cada a escolha, uma renúncia, alguém me ensinou.

Só amadurece de verdade quem abandona a zona de conforto. Só o desconforto é capaz de gerar um crescimento consistente. Eu não sei quem disse essa conversa pra boi dormir, mas eu acreditei.

Comigo vai só o otimismo mesmo. Preparação de gente grande tenho ainda não.

Ao me ver chorando assim vejo que tenho tanto ainda daquela Aline que ía passar o final de semana na casa do meu pai e ligava antes do tempo para minha avó vir me buscar.

Não sei o que é não viver na minha casa. Não tenho a mínima ideia. Não me digam que é aqui perto, porque não é. É longe, é muito longe de tudo que eu já vivi durante toda a minha vida.

Esses últimos dias são de despedidas, almoços, happy hours, beijos, abraços, mas claro, tudo muito superficial, porque das pessoas mesmo eu não me separo. Talvez perca algum namoradinho, mas meus amigos ainda serão meus amigos, meus pais ainda serão meus pais e minha avó será sempre essa fortaleza que ela é pra mim em qualquer lugar geográfico que eu esteja no planeta terra.

A despedida real e dolorida é de mim mesma. A partir de domingo cada dia que eu viver será um passo que eu me distanciarei daquela Aline pequena que chorava na casa do papai com saudade da vovó.

O único Adeus que realmente vou dizer é pra essa Aline. E abandoná-la, apesar de necessário, dói demais.
É, morrer deve doer menos que amadurecer. Segunda-feira é o primeiro dia do resto da minha vida... Adeus, Aline.