quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Um nome para minha filha

 

Como foi difícil achar um nome para a minha filha. É até estranho concluir isso, afinal, mulher já vem com os sonhos todos preparados, desde o vestido do próprio casamento até a roupa de casamento dos filhos.

Mas a realidade é diferente dos sonhos, porque na fantasia marido não opina, marido concorda com tudo, bem o oposto do que acontece no dia a dia. Então os nomes que você sempre sonhou podem não ser bem um consenso entre você e o seu marido, que é o pai da sua filha, ressalto, e por isso tem algum poder voto na sua decisão.

Entre todos os nomes do livro de nomes de bebês que minha mãe me deu para ajudar a neta dela não nascer anônima, estavam para a decisão final: 'Ana Laura', 'Alice' e 'Olívia'.

Ana Laura surgiu primeiro e é uma mistura do Ana da minha mãe e do Lauro do pai do meu marido, ou seja, indubitavelmente minha filha seria Aninha ou Laurinha. E se você tem qualquer tipo aproximação comigo sabe bem que '"inha" não é muito é muito minha praia...

Já 'Alice' é uma vaidade minha, me chamo 'Aline', tenho uma família cheia de A's de todos os lados - lado da mãe, lado do pai, lado da avó, lado do avô – e 'A-lice' seria a continuação da saga da minha vogal favorita. Mas não seria muita responsabilidade pra minha filha já nascer satisfazendo às minhas vaidades?

Restava então o 'Olívia' - forte, singular, pequeno, incomum, com vogal – muitas atribuições favoráveis à escolha. E apesar de ser o nome da avó já falecida do meu marido, 'Olívia' não carrega nenhuma responsabilidade familiar, não vem por homenagem, nem satisfazer vaidades. E isso é bom, porque dá a oportunidade da minha filha criar a história particular do nome dela.

E, depois de muitas dúvidas, de até chegar a pensar que iria esperar ver o rosto dela para decidir, de até fazer orações para Deus me ajudar a escolher um nome para a minha menina, foi construindo a marquinha personalizada do chá de bebê dela que finalmente eu e meu marido batemos o martelo: Olívia, esse é o nome da minha pequena princesa.

E agora começa um processo de chamá-la pelo nome, porque eu acho que ela já pensava que o nome dela era "minha filha", que é como eu e o pai dela a chamamos. E olha que curioso, não a chamamos de "nossa filha", é "minha filha" tanto para ele, quanto para mim.

Bem, repensando, tem um "inha" que me é de muito agrado, o "inha" de "minha"...

Bem-vinda, minha filha. Bem-vinda, Minha Olívia.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Até logo


Parece mesmo que aquela frase "do pó vieste ao pó retornarás" exemplifica bem que as situações da vida acontecem em voltas, ou como diria o Google +, em círculos.
Dormi minha última noite em Manacapuru exatamente igual a minha primeira: em um quarto de hotel, sem sinal de telefone e com medo.
Ainda lembro o primeiro dia que vim para cá, acompanhada do meu chefe, trazia uma mala e uns edredons - como se aqui fizesse frio né?.
Ainda não tinha a Ponte e na fila da balsa no Porto de São Raimundo às 22h, recebíamos nosso primeiro bem-vindos.
O carro baixo do chefe não conseguia fazer a manobra para entrar na rampa defeituosa da balsa e ao vermos o operador do transporte se afastar, acreditávamos que ele iria atracar em outra rampa.
Iludidos!
Ele saiu sem ao menos nos xingar. Não informou nem " espera a outra".
Ficamos lá, sozinhos, olhando a balsa partir sem nenhum gesto de cortesia, gentileza, educação, que seja.
Esperamos então a última balsa do domingo. E assim atravessei o Rio Negro.
Naquele momento eu não tinha muita exatidão do que significava realmente aquela travessia... Tantas expectativas, tantos medos.
E se não tive o meu "bem-vindo", nas minhas últimas noites, também não tive o meu "vá com Deus".
Ao saber da minha saída do apartamento onde moro, mesmo deixando o aluguel do mês completamente pago, o proprietário fez o favor de arrumar minhas coisas e colocá-las em sacos plásticos, sem ao menos me informar que faria isso. Ao chegar no lugar, não havia nada. Minhas coisas estavam em sua casa.
E ao questionar com ele no dia seguinte, ele me informou que já havia conseguido um novo locatário. E que arrumou pensando no meu bem.
De quantas boas intenções está mobiliado o inferno?
Ontem, indignada, meus saquinhos plásticos foram recolhidos por amigos que se dispuseram a ir lá buscá-los e eu fui para um hotel. Não era o mesmo que me hospedei quando cheguei, mas tinha o mesmo cheiro, a mesma sensação de... de... de... nem consigo explicar com palavras.
E no quarto do hotel passava minha vida de Manacapuru inteira, esses 14 meses aqui vividos.
De muitas travessias, não só do Rio Negro, mas minhas travessias para alcançar ser uma pessoa melhor.
Quem eu era? Quem eu sou agora? Quanto aprendi?
Não sei bem responder essas perguntas, não com a riqueza de detalhes, nem com a clareza que elas merecem ser respondidas, .
Na verdade eu não sei, apenas sinto.  Mas quem sabe, sentir também seja uma forma de saber.
Apesar de ter escolhido as lembranças tristes para compor esta redação, não são elas que realmente vão me fazer lembrar da Princesinha dos Solimões.
Fico com o aprendizado, com a solidão e isolamento cultural que eu senti aqui, que me fizeram dar tanto valor a tudo e a todos na minha vida.
Fico com a minha aproximação de Deus e a paciência e serenidade que consegui ter mais um pouco por aqui.
Fico com o abraço de despedida dos meus colegas de trabalho e das muitas risadas que demos durante o expediente.
Fico com as palavras bonitas que eles me declararam e com a música que falava de amizade que eles cantaram na minha festa de despedida.
Fico com o carinho do meu chefe que chorou tanto ao se despedir de mim.
E que, como lider, me ajudou a crescer profissionalmente nestes 14 meses, mas acima de tudo teve um carinho pessoal pela minha pessoa.
Fico com a amizade íntima que adiquiri com meu colega Rogério, que compartilhou desde os problemas da loja até sua maquina de lavar comigo.
Fico com a atmosfera da Bemol Manacapuru, que por muitas e muitas vezes era a única coisa boa de voltar para Manacapuru.
Quantas vezes eu vim triste por deixar a minha família em Manaus, mas meus colegas me recebiam com tanta festa que amenizava a saudade de casa.
O apartamento do qual eu fui praticamente expulsa não me deixa saudades, porque a Bemol Manacapuru foi a minha verdadeira casa e os meus colegas de trabalho a família que eu tive quando estava aqui.
Fica, por fim, a minha eterna gratidão. Viver aqui doeu, mas não existe crescimento sem dor. E foi justamente por isso que eu vim para cá, para crescer, em todos os sentidos. Cumpri minha missão!
Todos que passam em nossa vida deixam alguma coisa, alguns deixam coisas boas, outros nem tanto. Mas ninguém passa isento, vazio. 
Espero ter deixado algo de bom na vida dos meus colegas, como eles deixaram na minha.
Obrigada a todos que colaboraram por eu me tornar uma pessoa melhor.
Até o próximo giro do círculo da vida. 
 

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Desafios

Todo mundo diz que a todo momento a vida nos põe a frente de escolhas. Verdade.
Mas não pouco ocasionalmente os dias da vida também nos dão desafios.
Desafios são compostos de escolhas, mas são mais pesados, desafios nos questionam com mais autoridade.
Desafios nem sempre são lá tão bem-vindos assim.
Às vezes para que demos boas-vindas a eles exige de nós muita reflexão.
Há ocasiões que os desafios tem uma cara tão parecida com infortuníos que chegamos até a confundí-los e por vezes são os próprios infortuníos que geram desafios.
E do mesmo modo como a vontade de vencer o desafio imposto é grande, sempre há os antônimos.
Nem tudo é vitória, há também as derrotas. E nem importa se são as derrotas que ensinam como diz lá os proverbios populares, o fracasso dói.
E o simples questionar desta possibilidade dolorida gera o freio de muitos desafios: o medo.
Mas como já disse, sempre temos os antônimos.
Por vezes, os desafio dados iniciam suas vitórias com a coragem.
Coragem de abrir os olhos e seguir em frente. De andar com as próprias pernas, mesmo que nem se saiba andar direito ainda.
Coragem pra crescer e sentir dor.
Coragem para continuar...
Coragem para encarar o maior desafio: o desafio de vencer o medo.
Coragem!