terça-feira, 22 de junho de 2010

A taça também é minha

Interessante essa fase de Copa do Mundo, todos numa só vibração em prol deste time que colocamos no aumentativo e chamamos de seleção, que de ÃO não tem nada, ao menos por enquanto.
E entre um jogo e outro, quase unanimemente, pensamos "imagine quando for em 2014". Enquanto todo mundo está fazendo os planos futuros de como estará daqui a 4 anos e que jeito conseguirá tirar proveito da Copa no Brasil eu fui na contra-mão e me perguntei:
Onde e como eu estava há 4 anos?
Pode até parecer um exagero, mas 80% do que eu era, não sou mais. Aliás, sou menos.
Sou menos eufórica, menos nervosa, menos impaciente, menos ansiosa. Ainda na classe do menos, posso dizer que as coisas que eu fazia por impulso diminuíram consideravelmente também, não que ainda não existam, porque, sinceramente, um pouco de impulso faz bem de vez em quando. Dá um certo toque de humanidade no cérebro mecânico.
Outra coisa a se avaliar nesta releitura da Copa passada é que se tivessem me perguntado onde eu estaria em 2010, eu jamais diria que estaria aqui sendo esta que eu sou. Naquela época eu jamais teria querido ser esta Aline. Pra ser bem sincera, provavelmente eu me acharia uma chata (talvez, hoje em dia, eu também me ache assim um pouco).
A verdade é que em 2006 não haviam planos muito longos e existiam poucas certezas. Não havia nenhuma preocupação com 2010, cada dia era cada dia. No máximo, na segunda-feira se pensava o que iríamos fazer, eu e meus amigos, no final de semana. Não havia visão.
E se só sobraram 20% de coisas que não mudaram, me orgulho de dizer que boa parte desta porcentagem se dá às alianças sólidas que construí durante toda a minha vida que me permitem ainda assistir aos jogos com os mesmos amigos de 4 anos atrás. E dentro desses 20% também acrescento os meus valores, a minha personalidade forte, o amor a minha família e um pequeno detalhe: eu ainda estou solteira desde aquela época.
Todo o resto que mudou (que de resto não tem nada), apesar do menos, transformou a minha vida em MAIS. Tanta gente que fica por aí dando murro em ponto de faca e eu pude ter uma transformação enorme em apenas 4 anos. 4 anos não é suficiente nem pra mudar a política amazonense, minha mudança só perde mesmo pras mudanças de namorado da minha prima desde a última Copa, mas isso também é um detalhe.
A Copa de 2010 é diferente de todas as outras que passaram, porque hoje em dia esta Aline que está escalada tem muito mais consciência do jogo e com dedicação e confiança tem todas as chances de marcar o gol. E, se Deus quiser, levantar a taça.
Espero que o Brasil também...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

As músicas guardam os sentimentos

As coisas passam.
Mas como eu já disse diversas vezes por aqui, tudo que passa leva um pouco de nós e também deixa alguma coisa.
E com certeza, as músicas da época passada ficam no armário dos achados e perdidos.
Você pode pensar que esqueceu.
Mas não temos amnésia, apenas superamos.
As coisas só passam a não influenciar mais na nossa vida como influenciavam antes.
E quando passam, pode ser que deixem lembranças boas ou que não desejemos que aquele momento vivido não volte nunca mais na sua vida.
Contudo se, num momento qualquer do futuro, bem distante do outrora acontecido, tocar a trilha sonora com a qual as emoções foram vividas no passado, não há como escapar, a lembrança voltará à memória.
E isso independe de ser uma recordação saudosa ou detestável.
Quem nunca teve a sensação nostálgica ao ouvir uma melodia da infância, seguida da expressão "bons tempos aquele!"?
O mesmo acontece quando preferimos ouvir propaganda eleitoral no rádio do que escutar aquela canção que lembra um sofrimento.
E mesmo que você não mude de estação, lembrará que aquela música tocou em um momento em que as coisas não aconteciam como você desejava.
Porque de alguma forma misteriosa, as músicas conseguem transmitir a sensação exata do que foi sentido quando elas serviram de background do momento.
Deve ser por isso que os casais apaixonados fazem a questão de terem uma música, com a esperança de que cada vez que a música toque, sejam lembrados. Que a canção que embala o romance eternize o momento e de alguma forma os eternize também. Porque tudo que se quer quando está apaixonado é que aquela felicidade dure para sempre.
E, um dia, a paixão passa [ou não].
Mas a canção escutada terá o poder de nos fazer viajar no tempo. E não há amnésia que impeça isso.
Em suas partituras, as músicas guardam os sentimentos.
Mesmo que depois que o tempo passe, eles já se tornem desnecessários na nossa vida, e sejam só coisas sem importância que deixamos sujas e empoeiradas no armário dos achados e perdidos da nossa memória, do nosso coração.