segunda-feira, 25 de maio de 2009

Gaveta bagunçada

Sinto saudades. É isso, não tem como não dizer que não é.
O que sinto são saudades.
Saudade do carinho, das conversas, dos afagos, das risadas, da paciência, da inteligência.
Saudade não é não saber viver sem isso.
Não chega a doer.
Saudade, aliás, não é dor, não é amor, mas tem um pouco de tudo isso.
É só um espaço vazio. E este espaço ainda está aqui.
Tanto tempo depois, tantas vivências depois, tantos choros, alegrias, preocupações, tantas outras emoções e sentimentos. E ainda assim, um espaço de saudade no meio de tudo isso.
Acho que a saudade é como a bagunça da última gaveta, da prateleira mais alta ou de qualquer lugar da casa que precisa ser arrumado, mas que o dia-a-dia fez esquecer ou deixar pra depois.

Não se lembra todo dia daquela bagunça, chega-se até a esquecer, mas a bagunça ainda está lá para ser arrumada...
E nem o tempo - que é remédio para tanta coisa - não tem efeito positivo.
Nem para a bagunça da gaveta, nem para a saudade.
Eu havia esquecido que a minha saudade estava aqui.
E ela estava aqui o tempo todo, empoeirando aquele espaço, escondida no meio das atribulações que a vida trouxe.

Eu não parei um tempo para arrumar e o tempo não parou para que eu arrumasse a gaveta bagunçada.
E agora, quanta poeira! Quanta saudade!
Quanto tempo?!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Chuva acabou

Algumas pessoas entram realmente na nossa vida pra nos fazerem felizes. E elas chegam assim como aquelas chuvas rápidas que temos aqui em Manaus, que caem do nada, fortes, às vezes com trovões até e antes mesmo que possamos nos preocupar, já está maior sol, a chuva acabou.

É claro que se despedir dessas pessoas-chuva dói, porque elas nos fizeram tão felizes, nos fizeram tão bem que o normal é que queiramos que elas fiquem conosco sempre para que esta sensação de felicidade seja permanente.

Mas não há como prolongar, as coisas têm horas certas pra entrarem e pra sairem da nossa vida. E geralmente, quando as prolongamos, elas já não terminam mais do jeito que iriam terminar. Chuva demais causa enchente.

Como já citado no post anterior, tive que me despedir de uma pessoa-chuva recentemente, e depois de 48 horas de ausência não tenho me sentido melancólica, nem triste. Juro que até estranho, porque se eu gostava tanto dela e sofri tanto com o fato de ela ir embora, porque então, agora, não estou a chorar sua partida?

Sabe o que é? É que estou acostumada com pra ser de verdade tem que doer. Quem disse que eu tenho que sofrer pra mostrar que foi verdadeiro o que eu senti ao lado desta pessoa?

Algumas amigas até dizem "que bom que vc não tá sofrendo" e eu fico aqui me punindo por não estar, como se a quantidade de meu sofrimento fosse dar uma proporção da verdade dos meus sentimentos.
E pensando aqui cheguei as minhas conclusões.

Não dá pra sofrer por alguém que me fez tão bem. Não dá. Não é que eu não esteja sentindo saudade, até as sinto. Mas estas saudades não me cortam. Não há lágrimas porque não há mágoas, não há lembranças tristes, só a memória de momentos maravilhosos. A pessoa foi porque a hora dela ir chegou e se ela ficasse um segundo a mais, já não seria mais a hora certa.

Ela chuveu o tempo exato que ela tinha que chuver.

E essa chuva que veio na vida nos últimos 15 dias molhou as plantas, esfriou a terra, fez barulho, deixou um perfume gostoso, refrescou e do jeito que veio, acabou.

Eu ainda tenho pingos dela no meu corpo, pingos que não quero que sequem tão cedo, mas que, involuntariamente irão secar com o passar dos dias. Mas mesmo quando as gotas não umidecerem mais o meu corpo e a terra já estiver seca, a frescor daquela chuva ainda estará na minha lembrança e bastará olhar pela janela, as plantas estarão mais bonitas.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Roteiro sujeito à aprovação

Como algumas coisas acontecem na nossa vida totalmente ao contrário do que programamos ein?

Traçamos um molde pra aquilo que queremos e se dermos sorte, as coisas acontecem deste jeito, mas se não, temos que nos reprojetar, porque não é a vida que se adapta aos nossos modelos, somos nós que nos adaptamos ao que vida nos quer.

No início deste ano eu tracei um planejamento, eu que disse a mim que neste ano eu me organizava. Mas o ano não quis seguir do jeito que eu bem queria...

No meio do caminho tinha um viagem pro Rio de Janeiro, que eu tenho dúvidas se queria fazer, mas com certeza nos meus papeis planejados não estava. Mas eu tive que me readaptar e viajar. E a viagem? Ah, a viagem foi ótima, obrigada.

Pra volta o que eu fiz? Mais planejamentos oras, readaptados, mas ainda assim, tentando fazer com que a vida seguisse da forma como eu quero que siga. Porque planejar nada é mais que isso, é dizer pra vida como ela tem que nos viver, é como dar um roteiro para uma peça de teatro.

E no meio do caminho quem tinha? Tinha um surfista, roqueiro, mergulhador, nômade, flamenguista, carioca e...(suspiro) encantador. Ah, com certeza se a viagem não estava nos meus planos, este aí com certeza nem passava perto do que eu coloquei em umas folhas de caderno velho no final de 2008. E totalmente contra a minha vontade a vida quis ele comigo, quis que ele fosse embora 15 dias e olha só, quem diria, que ele voltasse também pra ficar mais 15 dias, ser meu namorado e ir embora.

Enquanto eu pensei estar ao lado de um cara de terno, estável, morador da minha cidade, maduro, tricolor (se possível) e que eu não tivesse que me despedir a cada quinzena, porque eu tinha planejado – novamente – um cara assim, a vida pegou o meu planejamento, leu de trás pra frente e achou que colocando meu planejamento do avesso eu ía ser mais feliz. E foi realmente assim que eu fui.... F.E.L.I.Z

Por que o ser humano tem que supor como as coisas vão ser? Eu não sei realmente não me planejar, não ser do dia, do carpe diem, não sei me deixar, não sei ser a filosofia musicada do Zeca do Pagodinho “deixa a vida me levar, vida leva eu”, eu simplesmente NÃO SEI. Eu quero controlar a vida porque eu acho que se ela é minha, quem deve saber dela sou eu. Pura tolice, somos mesmos marionetes de uma pecinha teatral dirigida por um senhor de barbas brancas, com cheiro agradável , de temperamento forte e piadista, chamado Destino.

E às vezes o Sr. Destino lê meu roteiro e diz que essa peça dá público, outras vezes ele distorce tudo e me dá uma felicidade que nunca foi dimensionada nos atos do meu script. E o que esta artista que vos escreve faz no final da peça? Bate palmas, aplaude de pé.

E agora que esta peça – ou seria namoro? - acabou, é hora de fazer novos planos e torcer pra que eles sejam aprovados, mas se não, readaptação. E quando não está ao gosto da direção, não é que o planejamento esteja errado, ele só não está do jeito que tem que ser, mas nada que o Diretor não possa dar uma melhorada. =)

P.S: Saudades...