quinta-feira, 7 de abril de 2011

O passado não é um amigo do facebook


Quando nos relacionamos com alguém temos que conviver com muitas coisas que chegam junto com a pessoa que chegou em nossa vida. Das muitas coisas que acompanham o combo, existe uma que mudança nenhuma pode apagar: o passado.

Quero dizer que quando você conhece uma pessoa fumante, ela pode deixar de ser. Que pode conhecer uma pessoa infantil e ela amadurecer. Que pode conhecer alguém que é até traficante, mas que pode virar samaritano. Mas o passado daquela pessoa sempre ficara registrado, marcado. O passado não muda.

As pessoas chegam em nossas vidas com antigos amores, com marcas desses amores, às vezes chegam até com os amores. E se fossem só os amores, tudo seria ótimo, mas as pessoas também chegam com com os traumas, os erros, com as dores.

Não há erro maior para começar uma relação a dois do que querer apagar o passado de alguém. Já é super complicado estar com alguém e querer mudar seus hábitos e atitudes, que sim, são mutáveis, então imagina querer apagar da vida de alguém o que faz o que ela é hoje e que, só pra lembrar, não dá pra ser apagado.

Seria ótimo se os namorados viessem sem ex-namoradas, se pudéssemos ser para eles a única que existiu e que eles não tivessem ficado com aquela menina que comenta a foto dele no facebook. Mas também seria mais interessante se as namoradas não fossem inseguras e vivessem desconfiadas porque sentem medo de se apaixonar porque já foram muito magoadas pelos carinhas que, por um acaso, também estão em seu facebook. Seria excelente se pudéssemos ter uma borracha, uma corretivo, uma amnésia, um excluir.

Mas seria excelente mesmo se o nosso passado fosse um amigo do facebook né? Que quando faz um comentário inconveniente do tipo "olha, você já passou por isso" ou posta dores, amores, saudades, traumas pudéssemos clicar em 'excluir amigo'. E o facebook faria a pergunta que certamente nos mudaria para toda a vida " Você tem certeza de que deseja remover 'Seu Passado' de sua lista de amigos?". Mas não dá. O passado não é um amigo do facebook.

No entanto, muitas vezes é o mesmo passado que é fator determinante para a construção de um relacionamento. A bagagem que cada um traz consigo, independente do peso que tenha, pode sim ser convertida, a dois, em uma experiência positiva que venha a ser o artifício fundamental para as negociações amorosas de um relacionamento quando expostas em diálogos.

E como diz minha amada avó "só não tem jeito pra morte". Quanto aos antigos amores dos nossos atuais relacionamentos podemos sempre contar com a 2ª Lei do Marketing de All Ryes "se você não pode ser o primeiro, invente uma categoria em que você seja". E quanto a todo resto só existe uma palavra que ameniza o passado - veja bem, ameniza, não muda, não apaga, não exclui - e ela se chama presente.

Pensa um pouco:
Se você pudesse excluir uma postagem do seu passado, qual seria? Se tivesse a chance de excluí-lo como um todo, o faria?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Quanto custa os juros?

Mais uma vez eu estava errada. Sempre comentei em alguns textos sobre a minha solidão. Sobre não ter com quem passear, com quem ir ao cinema, com quem dividir o dia de trabalho... E aí sempre me vangloriei também, batia no peito pra dizer que tinha que ter muito equilíbrio pra saber conviver consigo mesma e ser independente. Não deixar de viver a minha vida porque se é totalmente dependente de um par. Bléh! Balela! Empáfia.

Não que eu discorde disso, nem tampouco que eu estivesse mentindo pra mim mesma, era realmente o que eu acreditava. Sempre vi minhas amigas pulando de namoros em namoros e achava que isso era pela dependência emocional que elas tinham de estar com alguém. E eu geralmente achando que o difícil mesmo era ser sozinha e levar na bolsa a solidão do domingo à noite por toda a semana durante tantas semanas da minha vida. Porque como eu acho que o mundo gira ao meu redor, claro que a minha dor dói mais que a de todo mundo.

Esses tempos de amadurecimento manacapuruense e de compartilhamento das rotações do meu mundo têm mudado muitas das minhas convicções imutáveis. Essa foi uma delas. Fácil é conviver comigo mesma, quando eu não me agüento mais, eu durmo. Fácil é morar sozinha. Fácil é pular de cama em cama sem nenhum relacionamento que ande com você de mão dada. Eu e eu mesma nos entendemos. Difícil é conviver com alguém que não está dentro de você. É mais difícil que matemática financeira...

Morar só não é nenhum mistério. Aquela parada de chegar em casa e não ter ninguém pra conversar, de ter que arrumar a casa sozinho, de fazer as coisas porque não tem ninguém para fazer para você, ah! Isso dá pra tirar de letra. Complicado deve ser chegar na sua residência com um puta de um stress, não querer falar com ninguém e sua esposa começar a reclamar pelo motivo que você considera a maior tolice do mundo mas pra ela é como se fosse a radioatividade no Japão. E mesmo que sua vontade seja mesmo mandá-la tomar catar todos os coquinhos do mundo, você sabe contar até 10, 100, 1000, 10000000, porque você a ama. Sim, você a ama. E a convivência faz parte do amor.

Conviver com outra pessoa é extremamente mais difícil que não ter em quem dar um abraço quando o Fluminense é Campeão Brasileiro. É saber perdoar, saber se calar, ceder, entender, abdicar, compartilhar, ir, voltar, planejar, se decepcionar, chorar, conversar e.. começar todos e mais um monte de outros verbos no infinitivo novamente. Eu absolutamente prefiro limpar a casa 5 vezes seguidas, lavar e passar minhas roupas cheias de vincos, cansa menos.

É preciso paciência. Paciência como aquela que você tem na fila do banco no último dia útil que antecede um feriadão que coincide exatamente com o vencimento daquele boleto que te assalta nos juros. É preciso ter coragem. Coragem como a de quem salta de um avião em movimento em que o paraquedas pode te fazer aterrissar e te dar uma sensação de vitória alucinante, mas pode falhar e fazer você se estabacar. E se alguma vez, há 6 anos atrás, você já se jogou de um avião e quebrou todos os pedaços do seu corpo porque o paraquedas não abriu só que incrivelmente você sobreviveu, saltar a segunda vez exige mais coragem ainda, porque vai ser necessário vencer os traumas e exorcizar os fantasmas.

Então, sob esta ótica, me diz? De onde mesmo que eu tirei a estapafúrdia ideia que ficar sozinha era difícil? A solidão é só um leve incomodo se comparado ao tormento de estar dentro de relacionamento quando você sente vontade e esforça para que as coisas caminhem bem o máximo que elas puderem caminhar - quis detalhar bem esta última parte porque como vocês sabem, tem gente pra tudo e existem pessoas que entram em relacionamentos, mas não sentem essa vontade.

Se você que eventualmente está me lendo é um desses corajosos que se jogam quantas vezes forem necessárias, de bunda, de cabeça, com salto mortal e todas as acrobacias imagináveis. Parabéns! Você tem a minha admiração. Eu, por aqui, vou contando meus trocados e me perguntando quanto custa os juros do meu boleto pra ver se tenho dinheiro para pagá-lo caso eventualmente eu não suporte mais a imensa fila do banco...