segunda-feira, 4 de abril de 2011

Quanto custa os juros?

Mais uma vez eu estava errada. Sempre comentei em alguns textos sobre a minha solidão. Sobre não ter com quem passear, com quem ir ao cinema, com quem dividir o dia de trabalho... E aí sempre me vangloriei também, batia no peito pra dizer que tinha que ter muito equilíbrio pra saber conviver consigo mesma e ser independente. Não deixar de viver a minha vida porque se é totalmente dependente de um par. Bléh! Balela! Empáfia.

Não que eu discorde disso, nem tampouco que eu estivesse mentindo pra mim mesma, era realmente o que eu acreditava. Sempre vi minhas amigas pulando de namoros em namoros e achava que isso era pela dependência emocional que elas tinham de estar com alguém. E eu geralmente achando que o difícil mesmo era ser sozinha e levar na bolsa a solidão do domingo à noite por toda a semana durante tantas semanas da minha vida. Porque como eu acho que o mundo gira ao meu redor, claro que a minha dor dói mais que a de todo mundo.

Esses tempos de amadurecimento manacapuruense e de compartilhamento das rotações do meu mundo têm mudado muitas das minhas convicções imutáveis. Essa foi uma delas. Fácil é conviver comigo mesma, quando eu não me agüento mais, eu durmo. Fácil é morar sozinha. Fácil é pular de cama em cama sem nenhum relacionamento que ande com você de mão dada. Eu e eu mesma nos entendemos. Difícil é conviver com alguém que não está dentro de você. É mais difícil que matemática financeira...

Morar só não é nenhum mistério. Aquela parada de chegar em casa e não ter ninguém pra conversar, de ter que arrumar a casa sozinho, de fazer as coisas porque não tem ninguém para fazer para você, ah! Isso dá pra tirar de letra. Complicado deve ser chegar na sua residência com um puta de um stress, não querer falar com ninguém e sua esposa começar a reclamar pelo motivo que você considera a maior tolice do mundo mas pra ela é como se fosse a radioatividade no Japão. E mesmo que sua vontade seja mesmo mandá-la tomar catar todos os coquinhos do mundo, você sabe contar até 10, 100, 1000, 10000000, porque você a ama. Sim, você a ama. E a convivência faz parte do amor.

Conviver com outra pessoa é extremamente mais difícil que não ter em quem dar um abraço quando o Fluminense é Campeão Brasileiro. É saber perdoar, saber se calar, ceder, entender, abdicar, compartilhar, ir, voltar, planejar, se decepcionar, chorar, conversar e.. começar todos e mais um monte de outros verbos no infinitivo novamente. Eu absolutamente prefiro limpar a casa 5 vezes seguidas, lavar e passar minhas roupas cheias de vincos, cansa menos.

É preciso paciência. Paciência como aquela que você tem na fila do banco no último dia útil que antecede um feriadão que coincide exatamente com o vencimento daquele boleto que te assalta nos juros. É preciso ter coragem. Coragem como a de quem salta de um avião em movimento em que o paraquedas pode te fazer aterrissar e te dar uma sensação de vitória alucinante, mas pode falhar e fazer você se estabacar. E se alguma vez, há 6 anos atrás, você já se jogou de um avião e quebrou todos os pedaços do seu corpo porque o paraquedas não abriu só que incrivelmente você sobreviveu, saltar a segunda vez exige mais coragem ainda, porque vai ser necessário vencer os traumas e exorcizar os fantasmas.

Então, sob esta ótica, me diz? De onde mesmo que eu tirei a estapafúrdia ideia que ficar sozinha era difícil? A solidão é só um leve incomodo se comparado ao tormento de estar dentro de relacionamento quando você sente vontade e esforça para que as coisas caminhem bem o máximo que elas puderem caminhar - quis detalhar bem esta última parte porque como vocês sabem, tem gente pra tudo e existem pessoas que entram em relacionamentos, mas não sentem essa vontade.

Se você que eventualmente está me lendo é um desses corajosos que se jogam quantas vezes forem necessárias, de bunda, de cabeça, com salto mortal e todas as acrobacias imagináveis. Parabéns! Você tem a minha admiração. Eu, por aqui, vou contando meus trocados e me perguntando quanto custa os juros do meu boleto pra ver se tenho dinheiro para pagá-lo caso eventualmente eu não suporte mais a imensa fila do banco...

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