quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Adeus, Aline.

Cheguei a fase do choro. Ainda preciso arrumar minhas malas, mas o choro mesmo já começou.
Vou abandonar a maior zona de conforto da minha vida: a minha casa. Nunca morei em outro lugar, nunca me mudei, nunca passei mais de 15 dias longe daqui.

Quando eu era pequena e ficava de férias da escola tinha que passar alguns dias na casa do meu pai, dias a mais que um final de semana, afinal estava de férias. Sempre me programei pra passar 15 dias, era o máximo que eu conseguia suportar longe da minha avó.

Agora, chorando, lembro muito daquela Aline da infância. É uma dor bastante parecida. Mas agora, ao contrário da minha infância, ela não é uma consequência da escolha alheia - a separação dos meus pais - ela é fruto da minha própria escolha.

Essa escolha é um pouco maior que simplesmente sair de casa. É uma decisão, dentre muitas, pela maturidade. E cada a escolha, uma renúncia, alguém me ensinou.

Só amadurece de verdade quem abandona a zona de conforto. Só o desconforto é capaz de gerar um crescimento consistente. Eu não sei quem disse essa conversa pra boi dormir, mas eu acreditei.

Comigo vai só o otimismo mesmo. Preparação de gente grande tenho ainda não.

Ao me ver chorando assim vejo que tenho tanto ainda daquela Aline que ía passar o final de semana na casa do meu pai e ligava antes do tempo para minha avó vir me buscar.

Não sei o que é não viver na minha casa. Não tenho a mínima ideia. Não me digam que é aqui perto, porque não é. É longe, é muito longe de tudo que eu já vivi durante toda a minha vida.

Esses últimos dias são de despedidas, almoços, happy hours, beijos, abraços, mas claro, tudo muito superficial, porque das pessoas mesmo eu não me separo. Talvez perca algum namoradinho, mas meus amigos ainda serão meus amigos, meus pais ainda serão meus pais e minha avó será sempre essa fortaleza que ela é pra mim em qualquer lugar geográfico que eu esteja no planeta terra.

A despedida real e dolorida é de mim mesma. A partir de domingo cada dia que eu viver será um passo que eu me distanciarei daquela Aline pequena que chorava na casa do papai com saudade da vovó.

O único Adeus que realmente vou dizer é pra essa Aline. E abandoná-la, apesar de necessário, dói demais.
É, morrer deve doer menos que amadurecer. Segunda-feira é o primeiro dia do resto da minha vida... Adeus, Aline.

Um comentário:

Agora que você sabe o que eu penso, que tal me dizer o que você pensa sobre isso. =)