quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Chuva acabou

Algumas pessoas entram realmente na nossa vida pra nos fazerem felizes. E elas chegam assim como aquelas chuvas rápidas que temos aqui em Manaus, que caem do nada, fortes, às vezes com trovões até e antes mesmo que possamos nos preocupar, já está maior sol, a chuva acabou.

É claro que se despedir dessas pessoas-chuva dói, porque elas nos fizeram tão felizes, nos fizeram tão bem que o normal é que queiramos que elas fiquem conosco sempre para que esta sensação de felicidade seja permanente.

Mas não há como prolongar, as coisas têm horas certas pra entrarem e pra sairem da nossa vida. E geralmente, quando as prolongamos, elas já não terminam mais do jeito que iriam terminar. Chuva demais causa enchente.

Como já citado no post anterior, tive que me despedir de uma pessoa-chuva recentemente, e depois de 48 horas de ausência não tenho me sentido melancólica, nem triste. Juro que até estranho, porque se eu gostava tanto dela e sofri tanto com o fato de ela ir embora, porque então, agora, não estou a chorar sua partida?

Sabe o que é? É que estou acostumada com pra ser de verdade tem que doer. Quem disse que eu tenho que sofrer pra mostrar que foi verdadeiro o que eu senti ao lado desta pessoa?

Algumas amigas até dizem "que bom que vc não tá sofrendo" e eu fico aqui me punindo por não estar, como se a quantidade de meu sofrimento fosse dar uma proporção da verdade dos meus sentimentos.
E pensando aqui cheguei as minhas conclusões.

Não dá pra sofrer por alguém que me fez tão bem. Não dá. Não é que eu não esteja sentindo saudade, até as sinto. Mas estas saudades não me cortam. Não há lágrimas porque não há mágoas, não há lembranças tristes, só a memória de momentos maravilhosos. A pessoa foi porque a hora dela ir chegou e se ela ficasse um segundo a mais, já não seria mais a hora certa.

Ela chuveu o tempo exato que ela tinha que chuver.

E essa chuva que veio na vida nos últimos 15 dias molhou as plantas, esfriou a terra, fez barulho, deixou um perfume gostoso, refrescou e do jeito que veio, acabou.

Eu ainda tenho pingos dela no meu corpo, pingos que não quero que sequem tão cedo, mas que, involuntariamente irão secar com o passar dos dias. Mas mesmo quando as gotas não umidecerem mais o meu corpo e a terra já estiver seca, a frescor daquela chuva ainda estará na minha lembrança e bastará olhar pela janela, as plantas estarão mais bonitas.

5 comentários:

  1. adorei o texto, de verdade. pessoas-chuva ? todos já tivemos em nossas vidas. mas talvez seja melhor assim mesmo, não é verdade?
    :)

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  2. É... Taí. Boa designação. Pessoas-chuva de Manaus. Interessante. Mas ó: os pingos são bons, mas às vezes podem atrapalhar. O ideal, tal como ensina o poeta, é seguir lembrando.

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  3. Aline,
    Adorei a metáfora!
    BJs

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  4. Ah! me lembrou a música Temporal da Pitty..

    Chega simples como um temporal
    Parecia que ia durar
    Tantas placas e tantos sinais
    Já não sei por onde caminhar.

    E quando olhei no espelho
    Eu vi meu rosto e já não reconheci
    E então vi minha história
    Tão clara em cada marca que tava ali.

    Se o tempo hoje vai depressa
    Não tá em minhas mãos
    Cada minuto me interessa
    Me resolvendo ou não.

    Quero uma fermata que possa fazer
    Agora o tempo me obedecer
    E só então eu deixo
    Os medos e as armas

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Agora que você sabe o que eu penso, que tal me dizer o que você pensa sobre isso. =)