quarta-feira, 24 de junho de 2009

Aqui jaz um herói

Ela chorava sobre o túmulo a morte de seu herói.

Imaginava como seria agora sem seu super-homem. Quem iria salvá-la. Com quem iria comparar seus novos namorados?

Ali, como uma viúva inconsolável, levava flores. Eram merecidas todas as pétalas, todas as lágrimas. Merecia agradecimentos escritos.

Não houve nenhum mais inteligente que ele. Não conhecera um que soubesse elogiá-la como tal. Só ele a fez articular tantas estratégias para conseguir levar um homem para cama. Nenhum foi mais desejado na intimidade da cama dela.

Sobre a lápide, a constatação dura e cruel de que ele havia sido realmente um herói. Não era apenas um bom homem, inteligente e decente. Tinha mais naquela personalidade.

Os olhos dela enxergaram nele a multiface da superioridade do heroísmo e a humildade dos comuns. Seus abraços a protegiam, seus orgasmos a endeusavam, suas lições lhe presenteavam com a maturidade. Sua paciência a culpava. Seus beijos eram como um grito de gol.

Mas agora não adiantava mais pensar em seus feitos, por mais que as lembranças a fizessem reviver, elas não o ressuscitariam. Era apenas um modo de aliviar a saudade. E será assim durante todo luto.

Com as lágrimas secas, podia agora enxergar perfeitamente a verdade. Tirou de sua bolsa todas as expectativas que havia criado, todas as ilusões, todas as interpretações erradas e jogou por cima do túmulo, junto com as flores.

Antes voltar a viver sua vida, ela ainda pensou nas últimas palavras que ouviu pronunciar no dia em que ele morreu: “não queria te machucar”.Quatro palavras e adeus, o herói morreu. Morrera assassinado pela percepção da realidade. Morte rápida, na velocidade de suas últimas palavras.

O epitáfio dizia " Aqui jaz um herói ". Se tornou um homem comum, tornou-se como os outros da vida dela. Agora, era só mais um.

Um comentário:

Agora que você sabe o que eu penso, que tal me dizer o que você pensa sobre isso. =)