domingo, 10 de janeiro de 2010

Vitrine do primeiro encontro

Primeiro encontro é uma chatice.
Você não sabe o que falar e ainda tem que ouvir.
Pior que isso, você tem que responder perguntas.
Não, muito pior, depois que você responde, tem que dar uma de interessado e perguntar:
-E você?
Mas se eu não quiser saber?
Dá vontade de levar um currículo amoroso para poupar esse trabalho.
Ah, e claro, você tem que ir mais bem arrumado, um pouco mais perfumado.
Com o hálito impecável.
E se você for mulher, quadriplique o trabalho que essa produção dará.
Em primeiro encontro você tem que ser mais contido, mais educado, mais simpático.
Não há intimidade, as ações são limitadas.
Nas conversas você tem que ressaltar as suas qualidades, sem parecer se auto-elogiar.
Tem que subliminarmente parecer maravilhoso.
E não é uma questão de você estar sendo falso, omitindo os defeitos.
Ou sendo questionável, deixando de ser quem realmente é.
É que, talvez, ao menos no primeiro encontro temos a chance de mostrar o que mais gostamos em nós. E só o que mais gostamos em nós.
É como se fossemos uma vitrine exibindo só os melhores produtos que há para oferecer.
O de pior deixamos para a rotina contar, deixamos que a intimidade do tempo revele.
Mas esse tempo só é dado se a vitrine exposta no primeiro encontro despertar no cliente um interesse significativo o suficiente a ponto de fazê-lo entrar na loja.

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