quinta-feira, 18 de março de 2010

O exemplo das crianças

Eu fiz uma coisa que me desagradou bastante.
Tenho uma priminha linda que tem como proporção a sua beleza, a tolice.
E eu sempre tento ensiná-la valores.
Tenho esta liberdade pela diferença de idade. Sou 19 anos mais velha que ela. Poderia ser sua mãe.
Mas não sou, apesar de treinar bastante meu lado materno com a pequena.
Nesta tentativa de corrigi-la, acabei me excedendo e fazendo-a chorar.
Seria normal, pois ela, assim como eu, é bem mimada pela nossa avó e chora por tudo.
Só que ao confrontar com a minha prima, acabei realmente perdendo o equilíbrio e fazendo-a chorar magoadamente. Quem tem criança em casa consegue identificar os choros.
Minha avó, sabiamente, levou-a do mesmo local que eu.
Ela não parou de chorar.
Dois segundos após ela não estar mais no mesmo recinto que eu, voltei ao meu estado normal de maturidade.
Eu tinha menos idade que ela há dois segundos.
Não tinha sido nem um pouco amorosa com minha priminha, tampouco assumido um estado maternal.
Tinha sido a pura e simples prima implicante e cruel.
E que vergonha pra mim, sendo eu mulher feita e ela uma pequena.
Falamos por aí que devemos respeito para todo mundo, mas todo mundo inclui também as crianças.
Ensinamos o respeito para elas, mas não as respeitamos.
Achamos que podemos mandar e desmandar, dizer e desdizer só porque estamos em posição superior.
Deve ser por isso que Jesus disse que para entramos no Reino dos Céus devemos ser como crianças. Por essa pureza, essa cristalinidade que elas carregam.
As crianças não guardam mágoas, nos perdoam com a facilidade que o vento leva uma folha.
Então, arrependida demais da minha tolice, fui ao quarto onde minha prima ainda chorava, soluçando por sinal.
Fiquei do tamanho dela, me curvando, e pedi desculpas.
É isso mesmo, desculpas.
As crianças merecem nossos pedidos de desculpas. Não basta ensinar que elas se arrependam e se desculpem por seus erros, que elas digam obrigada, que elas respeitem os demais.
É preciso respeitá-las, agradecê-las e também pedir que elas nos desculpem.
A melhor forma de ensinar é dando o exemplo.
Eu a magoei. Eu, a prima "ismã" dela. Que ela venera, que ela calça os sapatos, que ela chama de "niiineee".
Eu a magoei porque não sou tão nobre quanto uma criança. E num gesto de grande pureza, ao pedir desculpas e colocá-la no colo, ela logo parou de chorar. Já havia me perdoado.
Quanto tempo eu demoro para perdoar as pessoas que me magoam?
O exemplo não sou eu. Estou longe de sê-lo.
O exemplo é ela. As crianças são o exemplo.


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