terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Nós e o ninguém

O campo profissional ganha cada vez mais espaço nas prioridades das pessoas da minha idade (inclusive nas minhas, assumo).
Os planos pessoais, esses que todo mundo faz, de casar, ter filhos, apaixonar, que seja, vai ficando cada vez mais guardado no fundo da gaveta, como aqueles papeis que deixamos lá para quando tivermos tempo de resolver.
E isso me fez pensar em quanto tempo se gasta prorrogando o dia de se envolver. Quantas boas pessoas se descarta porque o profissional está em primeiro lugar.
Quanto tempo dura pra chegar o dia de dar espaço para mais alguém nos nossos planos.
"Só daqui a 2 anos"." Vou me casar com 26, ter filho só aos 28" e por aí vai.
Se identificou?
Cronometramos o tempo certo de colocar a vida pessoal em primeiro plano. E por acabar enxergando apenas um lado do foco, talvez estejamos perdendo de vista preciosas oportunidades.
E quando acabar o prazo de validade deste tempo que demos, caso o sucesso profissional não tenha sido atingido, revalidaremos o tempo por mais quanto tempo? Tempo indeterminado.
Mas eu fico pensando mesmo é no tal alguém que pretendemos encontrar quando a hora chegar.
Quem garante que ele vai estar lá quando quisermos o encontrar?
Provavelmente, ele já terá casado, já terá filhos e quer saber? Ele pode até estar bem feliz.
Feliz de um jeito que não vamos estar quando sacarmos que desperdiçamos tempo demais focando apenas um plano de nossas vidas.
Quando olharmos ao redor veremos nossos amigos com suas profissões e seus alguéns.
Talvez tenhamos até a sensação de que dava sim para conciliar os dois planos, só exigia um pouco mais esforço da nossa parte.
E enquanto revalidamos o tempo, nossa juventude vai passando.
E todo aquele gás, típico da juventude, usado para gastar com o profissional também vai se esgotando. Cansaremos.
E no dia que se cansa, em vez de encontrarmos o personagem alguém, outro personagem estará a nossa espera: o ninguém.
Ninguém estará em casa.
Ninguém estará nos esperando.
Ninguém quer saber dos nossos sucessos profissionais.
Ninguém sentiu saudade de nós.
Ficamos nós, sós, e mais ninguém.

Um comentário:

  1. Gostei deste seu artigo. Infelizmente, tem ocorrido isso hoje em dia. Mutos que chegam a pensar que conseguiram alguma forma de sucesso profissional, mas ao ver outros amigos com seu(sua) parceiro(a), se perguntam com quem compartilhariam tal sucesso ou até mesmo para receber um parabéns de forma carinhosa (alguém que não seja apenas o pai, a mãe e os irmãos)...;)

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Agora que você sabe o que eu penso, que tal me dizer o que você pensa sobre isso. =)