segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Meu complexo de inferiorade

Eu já citei várias vezes em alguns posts o meu complexo de inferioridade. E como no post anterior eu disse que cansei de sentir essas coisas, é hora de falar dele pra ver se ele se dissolve.

Fui enorme de gorda a minha vida toda, até os 14 anos, quando sei lá, do nada, resolvi emagrecer. Acreditem, foi do nada. Estudei esta vida gorda toda no Centro Educacional Santa Teresinha, o Cest. E acreditem novamente, era um colégio só de meninas. De meninas magras e crueis.

Na infância, toda vez que brincava de manja, quem que corriam pra pegar primeiro? A gorda é claro. Não bastava mesmo me chamar de apelidos tão terríveis, precisaram ainda dizer que eu era machuda, só porque eu era a baleia assassina da sala.

Já pela adolescência, eu me lembro uma vez que eu tava andando na rua, indo pra casa da minha bisavó e passei por dois meninos, adolescentes mais velhos. Caminhei aqueles passos já meio constrangida de passar, porque já conhecia aquele olhar de chacota dos meninos da rua. Mas foi bem pior. O menino que eu passei jogou uma pedra bem na minha direção que bateu na parede ao meu lado e o outro, vendo que a pedra quase me acerta disse: - ei cara, quer matar a gorda?

Nossa, faz tanto tempo que eu não penso nisso. Aliás, nunca disse isso pra ninguém. E apesar de não lembrar, nunca esqueci. Relembrando agora, meus olhos ficam cheios d'água agora... quão malvadas são as pessoas com as que não são iguais a elas.

Na adolescência, as coisas pioram mais um pouco mesmo. Lembro de uma aluna, a Gisele, que foi extremamente cruel comigo sempre e pior sorrateiramente. Daquele tipo de pessoa que fica mangando de você por trás, e quando você olha, a dita volta ã posição normal. Um tempo desses vi uma pessoa que parecia com ela por aí, estava pior do que era...


Mas foi justamente nesta fase que eu ganhei um pouco de respeito. Não porque eu exigi. Nunca fiz isso, nunca me manifestei pra revidar ãs humilhações que recebi. Tão diferente da mulher que sou hoje. Mas ganhei respeito por uma coisa que eu nem sabia que tinha na época, minha querida inteligência.

Uma vez saiu uma lista das melhores alunas das salas do colégio e meu nome estava em segundo. Caramba, sempre foi tão fácil estudar pra mim, sempre foi tão prazeroso que eu nem fazia isto pra ser a melhor aluna. Era natural... Mas quem poderia imaginar né que a gorda que senta lá trás é uma das melhores alunas da sala e tem o seu nome colocado na parede? As bonitinhas eram burras... e foi neste dia que eu escolhi que queria mesmo era ser inteligente.

Na oitava série, ano 2000, eu resolvi emagrecer, assim, ninguém me disse, não me apaixonei por ninguém. Sei lá, só resolvi emagrecer e emagreci. Um a um, passando fome, entrando em depressão e continuando a ser uma das melhores alunas, eu perdi 16 quilos. Saí da escola no final do ano.

Só que a história não acabou, o corpo era magro, mas eu ainda me sentia gorda. Lembro que nas férias de janeiro de 2001, fui para Natal - RN e levei um maiô. Por lá, minha prima jaíne encheu tanto meu saco que saímos pra comprar um biquini. Foi a primeira vez que eu me lembro de ter usado um biquini na vida. Um biquini azul, que tinha florzinha na alça. Neste dia, 25 de janeiro de 2001, conheci um carinha lindo na praia que deu em cima de mim e ficamos o resto do veraneio.

Mesmo com tudo isso, desde todos esses anos, eu nunca me senti bonita de verdade. Se eu tivesse que disputar com qualquer outra garota um cara, jamais, nem entrava na disputa porque já achava que ía perder. Acho todas as namoradas que me sucederam depois que os meus namorados viraram ex's, mais bonitas que eu, mesmo que a Jaíne diga que elas são horríveis.
Eu tive uns caras muito bonitos durante minha vida toda, mas sempre achei que era sorte ou falta de opção da hora.

Mas desde ontem, anotem aí, 13 de setembro de 2009, eu decidi que já é hora de parar com isso. Graças a Deus que eu fui gorda mesmo pra que eu não me tornasse essas meninas ridículas do Santa Teresinha, pra que eu me tornasse inteligente e sabendo respeitar os outros. Se isso aconteceu pra eu não ser como elas, agradeço todas as humilhações que recebi. Mas enfim, já cumpriu seu papel.

Decidi que vou de alguma forma ou de outra dizer todos os dias pra mim que sou bonita sim e que posso ter o homem que eu quero porque posso tê-lo. E que todos os babacas que tive na vida que me trocaram, me trocaram porque eram babacas. Onde eu tava com a cabeça que não entendia isso antes? E que se um dia eu quiser algum cara que outra também queira tenho as mesmas chances de tê-lo que ela.

E a partir de hoje eu vou passar a acreditar quando um cara diz que eu sou bonita. Antes eu pensava que ele estava dizendo isso só pra me comer. E mesmo que ele esteja, o que o impede de querer comer uma mulher bonita? Nem que eu tenha que todos os dias acordar e dizer pro espelho que eu sou bonita, eu vou me curar deste meu complexo de inferioridade. Porque por mais que eu possa pensar que é uma mentira, não é a mentira que dita cem vezes se torna uma verdade?

Não faço questão nenhuma de ir às reuniões de boas lembranças que as meninas do Santa Teresinha me convidam algumas vezes. Deve ser justamente porque eu não tenho boas lembranças delas. Se as encontro, cumprimento e adoro perceber o rosto chocado ao vê-las me ver. E quando as vejo, gosto mais ainda de ser quem eu sou.

Encerro este decreto, porque isso é mais que um post, agradecendo às pessoas que sempre me viram muito antes de eu me enxergar:

A Chris, que estudou comigo no Santa Teresinha e foi minha amiga quando eu era gorda, quando eu era feia, quando eu não acreditava em amor. Quando eu ainda não era nada, pra ela eu já era muita coisa. Ela é uma pessoa que sempre soube me ver por trás da embalagem. Amo você Chris.

E obvio, a já citada, Jaíne, minha prima. Que me incentivou a usar um biquini, que me mostra com a delicadeza de um elefante doido como as namoradas dos meus ex's são horríveis e que me diz toda hora "mana, pelo amor de Deus, tu é bonita". De certa forma, se eu sou um pouco mais vaidosa hoje em dia, é culpa da Jaíne, porque ela, do jeito patricinha dela, sempre me incentivou a tirar a aline bonita que se escondia em mim. Obrigada prima.

Por fim, que fique sabido, pra mim e pra quem queira, que vou me curar desta maluquice que só me atrasa e me deixa infeliz. Quando eu não estiver me sentindo bonita, eu vou caminhar e emagrecer. Pintar os cabelos, sei lá, qualquer coisa. Menos me afogar na depressão que eu estava me afogando. Porque podem até existir muitas mulheres bonitas por aí mesmo, mas eu tenho um grande diferencial, eu sou bonita E INTELIGENTE! Amém!


Eu e Jaíne, no último sábado, brindando à minha decisão de por um fim ao meu complexo de inferioridade com capiroscas de morango e kiwi. Delícia!

Um comentário:

Agora que você sabe o que eu penso, que tal me dizer o que você pensa sobre isso. =)