segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Não alimente as feras

Eu tenho feras dentro de mim. Como todos os selvagens, não são domesticáveis. Feras tão fortes que eu tranco com o mais absoluto cuidado, para que não saiam e comam alguém.

Tenho feras como ciúme, talvez, do meu zoológico, a que está na jaula mais protegida. Uma das minhas feras mais fortes, mesmo que eu não alimente quase nunca. Uma fera que, dificilmente, alguém chega a saber que prendo. Uma fera tão forte, mas tão forte, que nem mesmo eu chego perto de seu cativeiro.

Mas existem jaulas que não são tão bem protegidas assim e, de vez em quando, de dentro delas saem para passear o a fera veneno e fera manipulação. E nem com tanta dificuldade como antigamente, hoje eu as capturo e as deixo sem comida por muito e muito tempo. Fracas o suficiente para não tentarem fugir novamente.

Falando de feras fracas, eis uma em estado terminal, a fera da vingança. Ela, que já foi uma das minhas menos controláveis, hoje em dia, quando pensa em sair, prefere ficar em sua jaula. Dá muito trabalho. O problema de suas fugas foi facilmente resolvido depois que Dona Maturidade passou a vigiá-la, nunca mais foi alimentada.

Porém, de todas as minhas feras, existe uma filhote bem travessa, a luxúria, que de tão encantadora, às vezes, sou eu mesma que abro a jaula para ela dar uma volta, enfeitiçada pela promessa ela vai voltar rapidinho. O grande problema de soltar a pequena luxúria é que, de todas, ela é a mais bem nutrida e pode ficar tempos sem precisar voltar ao cativeiro para se alimentar.

A luxúria é uma fera preocupante, porque ela não é como a fera ciúme, que apesar de forte, não me agrada, por isso não a visito, não me oferecendo perigo. A fera luxúria não, dá gosto ver como ela se diverte solta, dá gosto vê-la brincar. Hoje, ela se alimentou, se soltou e brincou contente. Mas ela até que mereceu, fazia tempo que não dava umas voltas...

O único problema de alimentar a ferinha luxúria é que ela já é forte mesmo sendo só filhote. Crescida e alimentada, os estragos que ela faz hoje serão triplicados. Poderá se tornar poderosa o suficiente para não conseguir mais ser cativa de nenhuma jaula.

Por isso, eu devia mesmo era seguir o que diz as placas que a Dona Maturidade espalhou pelo meu zoológico:
Não alimente as feras, elas podem se tornar tão fortes que devorarão você.


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